Análise: Bake ‘n Switch (Multi) tem potencial, mas falha ao ser genérico

Davi Sousa
7 leitura mínima

Desenvolvido pela Streamline Games e publicado pelo Streamline Media Group, Bake ‘n Switch é um party game que tem claras influências de sucessos recentes do gênero, como Overcooked e Moving Out. Talvez seja por isso que, apesar de ter um conceito inicial interessante e ideias promissoras, ele acabe pecando em alguns aspectos estruturais e de gameplay.

Bem-vindo a… onde mesmo?

Bake n Switch CBG Mapa

O mundo de Fla é uma terra onde pequenas criaturinhas de massa de pão vivem na mais absoluta tranquilidade. Infelizmente, essa paz é perturbada pelo retorno de um antigo mal: os monstros de mofo, que chegam para mais uma vez infectar e devorar os deliciosos e inocentes habitantes locais. Cabe a você e aos seus amigos, na pele de experientes mestres padeiros, satisfazer a fome dos Guardiões de Fla, que despertaram de um longo sono para lidar com a ameaça do mofo.

Essa simples historinha, que na verdade é completamente dispensável para a compreensão da jogabilidade de Bake ‘n Switch, não é explicitamente mostrada em nenhum momento dentro do jogo em forma de texto, por exemplo. Contamos apenas com breves cutscenes que introduzem novos personagens e ambientes, mas não dão um contexto mais amplo do motivo exato de estarmos ali, além de cozinhar as adoráveis massinhas.

Nunca a expressão “botar a mão na massa” fez tanto sentido

Bake n Switch CBG Gameplay

Deixando de lado a questão narrativa, o objetivo em cada fase é um só: fazer pontos ao jogar os seres de massa em um forno. É possível fundi-los uns nos outros para aumentar o tamanho e o valor do bichinho resultante, rendendo mais pontos ao assá-los. Para passar de fase, precisamos de uma pontuação suficiente para obter ao menos uma medalha de três, que são necessárias para desbloquear novos caminhos pelo mapa, além de novas roupas para os personagens e criaturas que servem de ícone de navegação.

Naturalmente, o jogo começa simples, mas vai aumentando a dificuldade ao introduzir diferentes mecânicas, como tipos de animaizinhos de massa, inimigos, estruturas das fases e coberturas nas quais precisamos pôr os bichinhos antes de levá-los ao forno. Não se deixe enganar pela atmosfera fofa: os desafios apresentados exigem muita atenção, coordenação motora e trabalho em equipe, em um misto de estratégia para pontuar bem, entregar as massas na combinação pedida pelo forno e combater os monstros de mofo.

A variedade de personagens à nossa disposição é bastante satisfatória. Cada padeiro tem diferentes parâmetros de velocidade, força e facilidade de arremesso das massas, e uma habilidade especial única que é carregada conforme o jogador pontua. É possível repetir os heróis, mas o ideal é que cada pessoa faça uma escolha diferente para que haja um leque maior de pontos fortes em jogo, reforçando o trabalho em grupo.

Bake n Switch CBG Personagens

Além da campanha principal, há um modo versus, que consiste em batalhas básicas de pontuação entre os jogadores. Todos os competidores contam com apenas um forno em cada arena, o que aumenta ainda mais o caos das disputas.

Apresentação bonita, funcionalidade irregular

Como Bake ‘n Switch é um party game, é natural que tenha sido planejado para ser jogado em seu multiplayer de até 4 pessoas. Porém, ele foi lançado com um grave problema: até uma recente atualização, era impossível jogar por conta própria. A jogatina só começa com no mínimo duas pessoas, tanto localmente quanto no modo online — que, aliás, tem outra grande restrição: não existe um servidor próprio nem a possibilidade de criar ou procurar partidas. Se você não tiver amigos que possuam o jogo, só poderá jogar pessoalmente.

Bake n Switch CBG Online

Independentemente de haver ou não um foco no multiplayer local, sequer incluir desde o lançamento a opção de se jogar sozinho é uma péssima decisão, pois nem sempre temos amigos à disposição. Por mais que o jogo solo não seja tão frequente, não faz sentido deixar de fora um conceito tão básico. Apesar de essa questão ter sido corrigida, certamente foi um inconveniente que afastou alguns jogadores.

Infelizmente, os pontos negativos de Bake ‘n Switch não param por aí. A navegação pelos menus é lenta e cheia de telas de carregamento. Com exceção de uma conveniente opção de movimentação rápida entre as fases do mapa principal, o deslocamento é muito demorado. Se eu quiser, por exemplo, trocar de padeiro, preciso voltar tela por tela. Não há um acesso prático direto do HUB de seleção de fases.

A arte do jogo é bonita e os bichinhos de massa que infelizmente temos que sacrificar são muito fofinhos e carismáticos, tomando o protagonismo durante a aventura e sempre que aparecem nas cutscenes. Em contraste, os padeiros responsáveis por salvar a terra de Fla se mostram lamentavelmente genéricos, em um tom que se estende à experiência geral.

Bake n Switch CBG Massas

Tanto em termos de gênero quanto de mecânicas de jogo, a semelhança com Overcooked é grande demais. Por um lado, isso significa que é possível se divertir bastante com amigos em um ambiente cooperativo caótico e desafiador, mas por outro fica a sensação de um título que é mais do mesmo de um predecessor já consolidado dos party games.

Vale a pena embarcar nessa jornada culinária?

Bake n Switch CBG Cutscene

Bake ‘n Switch é uma experiência agridoce, que consegue ser bem-sucedida em alguns quesitos relativos à diversão multiplayer e visuais. Ele não deixa de ser uma boa recomendação para quem gosta de experimentar tudo do gênero, mas acaba à sombra de outros caóticos party games simuladores, ficando inevitavelmente fora do radar em favor dos seus concorrentes.

Análise feita com cópia digital cedida pela Stramline Media Group

Compartilhe este artigo
Deixe um comentário
tes