Uma das franquias mais antigas e adoradas pelos jogadores (principalmente brasileiros, eu diria) é Diablo. Há uma pureza épica na oportunidade de assassinar hordas e mais hordas de monstros e demônios com habilidades poderosas, enquanto você tem a oportunidade de adquirir equipamentos lendários que, por sua vez, fazem com que isso seja ainda mais divertido.
O terceiro título da franquia foi lançado originalmente em 2012 e, depois de quase 8 anos (caramba!), muitas mudanças aconteceram, mesmo sem ter tido a mesma atenção que os outros produtos da Blizzard receberam. Se por um lado há uma carência por novas expansões, com DLCs, classes, etc., o core do gameplay foi muito refinado ao longo desses anos. Nessa análise olharemos para tudo isso, com um enfoque na sua chegada ao híbrido da Nintendo.
Sangue e poder
Acredito que todos os jogadores recentes estejam familiarizados com a premissa desse incrível action RPG / looter / hack and slash: matar monstros, passar de nível, coletar equipamentos, ficar mais forte, construir novas builds que trabalhem com as sinergias de suas magias e equipamentos, etc. No fim, a ideia é que você continue matando monstros mais e mais difíceis da maneira mais efetiva e rápida. É um loop lindíssimo!
Para tanto, há muita variedade. De cara, em Diablo III: Eternal Collection, os jogadores têm acesso a todas as DLCs, logo, todas as classes: Witch Doctor, Wizard, Monk, Demon Hunter, Barbarian, Crusader e Necromancer. Cada uma é extremamente distinta da outra, tanto para jogatinas casuais na campanha do jogo, quanto no endgame no modo aventura. Dentro de cada classe, ainda há uma possibilidade infinita de misturas de magias, cada uma com runas que modificam o seu funcionamento.
Por exemplo, Steed Charge do Crusader faz com que ele monte numa montaria divina por alguns segundos, aumentando drasticamente a sua velocidade de movimento. Caso selecione a runa Nightmare, ele deixará um rastro de fogo no chão, dando dano periodicamente em inimigos parados ali; ou então, se preferir, você pode selecionar Draw and Quarter, que prende e arrasta até 5 inimigos na sua montaria, o que é muito útil para agrupar inimigos para habilidades em área. Todas as magias têm várias runas, e a combinação delas é o que mais influencia a sua jogabilidade.
Ao longo dos 70 níveis que o seu personagem evoluirá, você constantemente desbloqueará novas habilidades e runas, preenchendo 6 slots ativos e 4 passivos. Além da constante mudança de equipamentos, testar diferentes combinações é algo muito recomendado, não somente pela efetividade quanto pelo prazer em executar essas proezas. Sempre haverá alguma otimização e uma opção melhor, porém, cada jogador certamente achará algo mais divertido em cada situação.
De qualquer forma, o modo campanha de Diablo III conta com os 5 atos principais que contam a história do anjo caído Tyrael e o ressurgimento dos maiores demônios da história. Comparando com outros jogos do gênero, como Torchlight II, a campanha é muito mais fluida e interessante, por inúmeros fatores. Um elogio particular vai à variedade de chefões que os jogadores enfrentam ao longo dessa jornada, cada um com uma combinação de ataques e estéticas fantásticas.
A dificuldade de se fazer um grande endgame
Jogos desse gênero têm muito da sua qualidade medida de acordo com o seu endgame, ou seja, o conteúdo disponível no nível máximo / após o fechamento da campanha principal. Novamente, seria muito demorado retomar todas as evoluções que aconteceram nesse quesito em Diablo III, mas basta dizer que no começo tudo era catastrófico por causa dos leilões internos com dinheiro de verdade, que foram removidos.
O que importa hoje é que os desenvolvedores encontraram formas muito criativas de contornar problemas inerentes ao gênero. Além do modo Adventure, que é basicamente uma navegação livre por todo o mapa, com mini-missões, dungeons progressivas e recompensas novas, o principal de Diablo III hoje se concentra nas temporadas.
Em suma, cada temporada dura alguns meses e, durante esse tempo, você deve criar um novo personagem para participar dela, e não pode receber nenhum bônus/itens dos personagens de fora da temporada. Por exemplo, atualmente estamos na temporada 19, e o tema principal é que ao atingir alguns marcos de killstreaks novos efeitos acontecem, como ouro que cai do céu com 200 mortes, ou meteoros com 400.
Mas, principalmente, nesses intervalos de tempo balanceamentos maiores podem acontecer, inclusive com a adição de novos equipamentos lendários e de conjunto. Em algumas temporadas especiais fomos agraciados com mudanças significativas, como a adição do Cubo de Kanai, que possibilita o uso passivo dos efeitos lendários de uma arma, um equipamento e uma joia. Porém, como salientado anteriormente, para jogadores apaixonadíssimos pelo jogo, não há uma profundidade tão grande que justifique jogatinas 24/7.
Mesmo assim, com o que há hoje, digo com sinceridade que no começo de cada temporada adoro a ideia de jogar por umas semaninhas, fazer as conquistas principais, estabelecer alguns desafios particulares e fazer um personagem fortíssimo. Nesse nível “pseudo casual”, esse loop forjado através das temporadas é extremamente divertido, e algo que adivinho que seja extremamente potencializado em Diablo IV, principalmente pelos recursos que os desenvolvedores terão.
Switchabilidade
Jogo Diablo há anos no PC e sempre estive curioso de saber como ele é num console, mais especificamente no Switch. Em primeiro lugar, devo elogiar a performance e a qualidade visual mantida, tanto em docked quanto no modo portátil. Tirando algumas texturas dos personagens, os efeitos visuais e cenários são impecáveis. Já no previamente mencionado endgame, em que constantes explosões e loucuras acontecem, ocasionalmente o jogo pode dar uma laggada sim, mas isso é pouquíssimo frequente.
Agora, o que mais me deixou feliz foi saber que existe a possibilidade de couch co-op. Essa foi a minha principal reclamação na análise de Torchlight II e, para mim, nessa transição de PC para console, isso é um elemento mais que obrigatório. A interface permanece limpa, assim como a jogabilidade como um todo. E, sejamos francos, todo jogo no Switch se dá muito bem com co-op local.
Tive alguns problemas para me conectar com amigos no modo online, mas tudo foi facilmente resolvido com uma reiniciada do software e, então, nunca mais tive problemas nas outras parties. Para jogadores que não possuem uma assinatura online do Switch, ainda é possível criar personagens de temporada, mas eu realmente o recomendo, visto que a longevidade do jogo é muito maior com amigos.
Aliás, a única adição que eu poderia sugerir à versão do Switch é o tão sonhado cross play com outras plataformas, porém, sei que isso é extremamente ambicioso e não seria tão viável em um jogo de 2012. Para a minha surpresa, há uma comunidade relativamente forte no Discord e no Reddit, que foram os lugares onde achei camaradas nefalens para jogar! Recomendo esses lugares para qualquer jogador, novato ou experiente!
Legados e heranças
Para concluir, retomo o título da análise e afirmo com segurança que, mesmo com seus problemas e falta de desenvolvimento contínuo, Diablo III hoje esbanja a sua maturidade e entrega um gameplay divertidíssimo, ainda um dos melhores do gênero, para qualquer jogador, tanto num nível casual quanto (literalmente) hardcore.
O futuro para o próximo título é extremamente promissor e, considerando o que já sabemos sobre Diablo IV, fica evidente que Diablo III será a principal fonte de inspirações para o gameplay, principalmente nesse modelo de temporadas e endgame. E isso é um mérito extremamente grande.
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo