Emergindo dos mares, Flotsam entrou em acesso antecipado, pela Steam, para conquistar os corações de todos os fãs de city builders. Mas, ao contrário de erguer um último bastião no apocalipse gelado de Frostpunk, em Flotsam o jogador deve progredir pelas diferentes áreas melhorando a sua “cidade” aquática num apocalipse molhado. Agora, sem mais delongas, vamos à análise!
Flutuando e cantando e seguindo a canção
Após uma catástrofe que lembra a de The Legend of Zelda: The Wind Waker, o planeta foi inundado e restam pouquíssimas ilhas com recursos ou humanos. A última esperança da humanidade, aparentemente, é a equipe controlada pelo jogador, que começa apenas com o centro da (futura) cidade utópica e, com isso, os três primeiros sobreviventes coletam recursos que estão perto do centro para começar a construir algo.
Mesmo estando num estágio bem inicial do desenvolvimento, os tutoriais presentes são bem claros e a interface é intuitiva. A primeira mecânica apresentada, e que será relevante ao longo de todo o gameplay, é a coleta de recursos: ao clicar num botão, o jogador marca círculos no oceano (onde se encontram recursos) para serem coletados automaticamente pelos sobreviventes.
Inicialmente temos apenas Madeira Molhada e Plástico, mas, com a progressão (típica) de materiais e construções, chegamos a construir parafusos, redes de pesca, pequenos barcos, etc. O espaço de armazenamento é limitado, mesmo podendo ser expandido, e como os seus peões são humanos que sentem fome, sede e sono, as ações deles sempre devem ser otimizadas.
Porém, logo nos primeiros 15 minutos de jogatina muitas dúvidas surgiram a respeito do balanceamento e de como o jogo queria que eu direcionasse a minha progressão. Pode ser que haja uma intenção de incentivar a tentativa e erro, mas, nessa versão, caso você fizer algo errado, rapidamente ficará sem recursos para estabilizar a situação de comida e, principalmente, de água.
Espero que os desenvolvedores estejam olhando com muito cuidado a esses feedbacks, pois vejo um grande problema de balanceamento no jogo, além da falta de conteúdo, que é compreensível para o acesso antecipado. De qualquer jeito, após alguns retrys, estabeleci uma ordem de prioridade bem otimizada no early game e, então, a progressão ficou mais suave.
Içar velas!
Estar no oceano não significa apenas que todo mundo vai comer peixe até enjoar. Todas as estruturas são flutuantes e uma mecânica principal é a movimentação de toda a base para outras áreas. No começo, após construir uma grande vela, você pode ir para a segunda e terceira “fases” e, então, óleo aparece como um combustível para travessias mais difíceis (que não são favoráveis pela direção do vento).
Ao mudar de área, além de mudar os recursos próximos disponíveis, as ilhas apresentam diferentes coisas: materiais raros, outros sobreviventes ou animais (que ajudam com tarefas parecidas com as dos outros sobreviventes). Por mais que existam diferentes formas de interagir com essas ilhas, tudo se reduz a mandar alguém com um barco específico e coletar as coisas de lá. Após ir a todas as ilhas de uma área, não há nenhuma vantagem em continuar nela.
Sinto que poderia ter um outro sistema nessa ação de saquear uma ilha, alguma adição de gameplay, porque é algo tão central e ao mesmo tempo tão raso. Além disso, nessa versão do acesso antecipado a um número bem limitado de “fases” disponíveis e, quando cheguei em 40% da progressão, eu tinha descoberto e construído todas as coisas vitais do jogo e o resto foi extremamente rápido e sem adições significativas.
O sistema de desbloquear novas construções / de pesquisar novas funcionalidades também gira ao redor da exploração de ilhas, com pontos que podem ser gastos em qualquer nova construção. Não é algo linear ou progressivo: se eu quiser, a minha primeira compra pode ser a versão mais complexa de um dessalinizador ou uma caixa para guardar recursos.
Como o jogo já possibilita várias interações não lineares, sinto que é extremamente necessário delimitar algo mais sólido para que toda a experiência melhore.
O que há no horizonte?
De acordo com a informação repassada na página oficial do jogo na Steam, o jogo será lançado oficialmente em outubro de 2020. Até lá, podemos esperar muitas atualizações, mas não sabemos com qual frequência e com qual intensidade; sei que periodicamente eu estarei de olho em Flotsam, pois acho que já há uma base sólida o suficiente para que, daqui um ano, ele vire um grande city builder.
Caso você tenha se interessado mas tem medo de achar pouco conteúdo atualmente: fique longe do jogo. Porém, caso esteja feliz com a ideia de acompanhar o desenvolvimento dele, e tenha se encantado com o belíssimo visual e temática inovadora, Flotsam realmente vale a pena.
