Sheltered é um jogo indie de estratégia, sobrevivência e gerenciamento de base, lançado pela Unicube e Team17 em março de 2016, que se mostra bem atual com a realidade de 2020. Seu carro chefe é o modo “Sobrevivência”, onde você irá se tornar o responsável por uma família de quatro integrantes definidos da forma que achar melhor, sendo dois adultos, duas crianças e seu animal de estimação.
Em meio a um mundo devastado graças a radiação causada após uma guerra global, a família chega a um bunker abandonado e em péssimo estado, cabendo a você reconstruí-lo e fazer dele seu novo lar. E é assim que tem início a jornada.
Para jogadores mais experientes, há o modo Cenário, que se resume em duas missões: Cercado, em que o bunker já é bem estabelecido e com suas reservas cheias, mas que sofre ataques constantes da superfície; Êxtase, onde a família, depois de 50 anos em crioestase, descobre ser a última esperança da humanidade e precisam se lançar em um foguete para sair da Terra.
Sheltered tem os mesmos princípios básicos de Fallout Shelter e This War of Mine, porém carrega uma enfatização maior nas características de um jogo de RPG, como atributos de força, destreza, percepção, carisma e inteligência, além de algumas peculiaridades que irão definir a personalidade do seu personagem. Por exemplo: Seu personagem pode ser “engenhoso”, porém, de acordo com suas escolhas e atitudes, ele pode a vir se tornar “desleixado” , que seriam as vantagens e desvantagens.
Planejamento
Ao criar uma família e iniciar um novo jogo, você irá precisar coletar materiais e suprimentos para seu bunker, organizando expedições e buscas pelo mapa afora. Aqui o jogador não acompanha os personagens, apenas seleciona os que vão para a jornada e, em alguns momentos, participa de batalhas contra facções, animais ou outros inimigos. Às vezes o diálogo pode passar de uma briga para um recrutamento ou negociação.
Ao iniciar uma família nova, as crianças têm desvantagens em alguns atributos, mas, com um pouco de treinamento e participando de alguns eventos, logo elas se tornam tão úteis quanto os adultos, às vezes até mais forte, o que pode ser um pouco estranho. Um fato interessante é que uma criança nunca poderá sair sozinha para uma expedição, a menos que esteja acompanhada de alguém mais velho.
Para poder explorar o mapa e encontrar itens necessários, os personagens irão precisar de água. Sendo o principal suprimento de viagem deles, quanto mais longe vão, mais água precisam. O que não faz sentido nessa questão é que o personagem vai passar 2 dias fora do bunker e leva 60 garrafas de água – sendo que, com apenas uma, ele mata a sede quase que por completo. Mas, para a nossa felicidade, água é o item mais fácil de se conseguir, basta ter o recipiente certo para armazená-la e aí é só esperar que chova.
Outro método eficaz para economizar água em suas expedições é o carro da família, que de início está quebrado, mas você pode consertá-lo ou mesmo ir a cavalo, que fará sua jornada ser mais rápida. Cada animal no jogo tem suas habilidades, então pense bem antes de escolher qual será mais útil para você.
A realidade
A parte mais interessante do jogo acontece ao conhecer novos sobreviventes desse mundo devastado de resíduos da guerra nuclear. Durante expedições e breves visitas ao seu bunker, irá surgir outros sobreviventes, alguns procurando abrigo e cabe a você decidir se eles poderão ficar ou não com a sua família. Assim, você terá ajuda para dividir tarefas, porém, o bunker tem um espaço limitado de pessoas, não só por causa da comida que pode acabar, ou por ter apenas um banheiro para todas as pessoas, mas sim pelo ar, que é consumido lá dentro. Caso o bunker tenha mais pessoas que possa suportar seus personagens vão adoecer e morrer lentamente, a menos que você faça uma reforma e melhore a sua nova casa.
Assim como na vida real, nem todas as pessoas são confiáveis. Alguns recém chegados ao bunker podem se mostrar boas pessoas, mas, com o tempo, se tornam psicopatas e no momento que você decidir mandá-las embora, elas irão se vingar de alguma forma, quebrando seu filtro de ar, de água ou até mesmo o gerador de energia. Ninguém sabe o que eles podem fazer, então é preciso criar confiança nos novos membros do grupo.
Outros personagens que chegarão até o jogador podem não ser a procura de abrigo, e sim para negociar, onde entra outro ponto super importante do jogo, que é o fato de não existir dinheiro.
Aqui, compra e venda são baseadas no sistema de troca, ou seja, quanto mais carismático seu personagem for, mais ele irá barganhar pelos itens que você quer.
Uma experiência angustiante
Ter gráficos simples, pixelizado e ser claramente planejado para ser jogado em PC com um sistema de cursor, não vai estragar a experiência proporcionada pelo jogo.
Sheltered pode ser profundo, emocional e ao mesmo tempo cruel. Criar laços com os personagens, empatia com os que restaram da raça humana, arriscar-se na superfície radioativa, o medo de ser atacado, a fome, a perda de um familiar e a claustrofobia são só alguns pontos que podem ser citados
Usar uma máscara ao sair de casa e se isolar são apenas coincidências com nossos dias atuais.
Revisão: Kiefer Kawakami