Review de clássico – Red Dead Redemption

Jader Ibrahim Alves Pereira
7 leitura mínima

A Rockstar Games, hoje bilionária, foi alavancada do anonimato em 1997 pela infâmia de seu primeiro jogo Grand Theft Auto, que não tinha muita qualidade, mas a reverberação das reclamações moralistas quanto a seu conteúdo violento garantiu-lhe vendas o suficiente para permitir uma continuação e uma solidez econômica a esta desenvolvedora.
Grand Theft Auto 3 e seus sucessores direitos, o Vice City e o San Andreas, em uma perspectiva tridimensional, jogaram a desenvolvedora ao sucesso incontestável. Na minha interpretação a maior virtude destes jogos não é nem o mundo aberto bem construído, muito menos a liberdade do jogador de poder fazer o que quiser nas cidades (o que quase sempre é espalhar o caos), mas seus protagonistas moralmente detestáveis e uma narrativa cínica, talvez niilista e crítica explícita a uma sociedade violenta, hipócrita e desigual que sustenta um ciclo vicioso de atrocidades, em que ninguém é bom.
Em GTA 4 o maior problema desta franquia foi corrigido, que é o combate que até então era truncado e desajeitado, tornando o jogo mais difícil em tiroteios do que deveria, mantendo e ampliando a qualidade de suas histórias ácidas.
Em 2010 a Rockstar Games arriscou uma nova franquia nos moldes técnicos de GTA, ambientada no fim da era dos cowboys nos Estados Unidos, em que o jogador encarna um pistoleiro ex-fora-da-lei aposentado que é chantageado pelo governo para voltar a matar para dar cabo de conhecidos seus com quem já foi aliado no passado, ou então o governo mata sua família, esposa e filho. Como se dá essa aventura?

Gráficos

Considerando que em 2010 tivemos Mass Effect 2, Darksiders, Halo Reach e até God of War 3, em gráficos, mesmo que bem competente, Red Dead Redemption não impressiona. Um jogo de mundo aberto evidentemente exige alguns sacrifícios para funcionar bem, e penso que a desenvolvedora equilibrou bem os investimentos para que o possível fosse feito neste aspecto.

Som e Trilha Sonora
Os sons de tiroteios são sempre importantes, e em Red Redemption são particularmente nostálgicos para quem é acostumado a ver filmes de faroeste. A trilha sonora, mesmo sendo original para o jogo, não falha em nos mergulhar naquele cenário, como estivéssemos num filme de Clint Eastwood, ainda que em momento algum possamos ouvir trilhas sonoras clássicas, como inesquecível assovio do filme Três Homens em Conflito.

Jogabilidade

A jogabilidade sempre é um desafio em jogos de mundo aberto. O excesso de superfícies com que se pode interagir e ações que se pode fazer não raramente rendem momentos frustrantes em que o personagem parece desengonçado. Felizmente neste título estes eventos não são tão comuns, mesmo que, talvez pela idade, o protagonista do jogo se movimente de forma bastante endurecida e principalmente no cavalo alguns momentos de confusão possam ocorrer.
Para nossa satisfação nos momentos de tiroteio tudo funciona muito bem. A pontaria semi automática de John Marston aliada à sua habilidade singular como pistoleiro, no jogo inserida na forma do recurso “red dead”, que não só permite que vejamos as coisas em tempo de bala, o que surgiu nos vídeo games em Max Payne, não por acaso também uma obra desta desenvolvedora, mas com alguns diferenciais divertidos tanto vindo de Red Dead Revolver quanto aprimorados para este título. Red Dead Redemption brilha quando se está cercado por dezenas de inimigos, a pé ou a cavalo, e após uma tensa e divertida troca de tiros, John Marston é o único de pé.

Desafio

Read Dead Redemption exige do jogador um bom conhecimento de mecânicas de jogos “de tiro” e de jogos de mundo aberto, mas para os familiarizados, na maioria das missões, até por generosos checkpoints no meio das mesmas, não será uma experiência frustrante em dificuldade, mas muito menos é fácil ao ponto de correr o risco de ser tediosa. A maioria das dificuldades pode ser encontrada em alguns eventos em que a jogabilidade se torna um pouco desajustada, felizmente isto é raro.

História

A história de Red Dead Redemption é deliciosamente magnética. Desde o momento em que você começa a jornada de John Marston até os créditos finais você em momento algum deixa de querer saber como a crise por ele enfrentada será resolvida. O mérito desta história ser tão boa é ainda maior porque em jogos ambientados num mundo aberto é fácil que a gente se disperse do enredo principal e acabe até mesmo por ignorá-lo ao ponto de não querer voltar a ele. A estrutura de missões “Principais” e de “opcionais” em forma de encontros aleatórios ou mesmo os encontros com “estranhos” que demandam alguma ajuda e às vezes emboscam o protagonista é bastante orgânica ao ponto de sempre parecer que estamos a todo tempo avançando naquele mundo, algo para mim aparentemente inédito neste tipo de jogo.
Outro ponto que a mim muito agradou nesta jornada é que a leitura cínica e visceral das motivações humanas e das personagens deste muito faz uma crítica relevante e profunda do que realmente é a civilização da qual às vezes tanto nos orgulhamos. Por ser ambientado no começo do século XX também a questão da mudança de “era” é abordada de forma crua e fria nesta história.
Red Dead Redemption está disponível para os consoles Xbox mediante a retrocompatibilidade com o Xbox 360 e recebeu uma recente remasterização para Playstation 4 e Nintendo Switch.

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