[Análise] Wolfenstein: The New Order (PS4) -Schadenfreude

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Wolfenstein: The New Order é um First Person Shooter com elementos stealth desenvolvido pela MachineGames e publicado pela Bethesda Softworks em maio de 2014. Encontra-se disponível  para Microsoft Windows, PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Xbox One. 

O título compõe uma saga de games de gênero fantasia baseados na Segunda Guerra Mundial desenvolvidos inicialmente pela Muse Software e seguidos pela id Software. O primeiro título da série foi Castle Wolfenstein, lançado em setembro de 1981!.                                  

Esta é uma análise livre de spoilers, limitados ao prólogo do enredo. 

Os gatos de Schrödinger: as pequenas escolhas

Já se perguntou o que teria acontecido se a Alemanha nazista tivesse vencido a Segunda Guerra Mundial? Wolfenstein nos traz a resposta. E acredite, não é um cenário agradável. 

Nessa reimaginação da saga, assumiremos o controle do destemido soldado estadunidense B.J Blazkowicz, uma figura implacável submersa no céu em chamas, ainda ardendo sobre o solo germânico de 1946. Ao seu pelotão, uma tarefa simples: alinhar o horrendo coronel da SS, Deathshead, com o fim de sua jornada, que repousa em quaisquer projéteis dos rifles que você carrega.

Após você fracassar com o cumprimento de suas ordens, seu captor te apresenta uma difícil decisão: qual dos seus companheiros deve viver? O jovem soldado britânico Wyatt ou o exímio piloto da força aérea Fergus? Ambas as escolhas resultarão no acidente que lançará B.J através da fortificada muralha alemã em direção ao mar profundo, emergindo em um mundo de cinzas regido por sons metálicos com alta tecnologia, quatorze anos no futuro, agora reinado pelos nazistas. É 1960, e B.J despertou de seu estado vegetativo para adentrar um pesadelo vivo. Sua missão? Encontrar a resistência e derramar quanto sangue nazista puder pelo seu caminho. 

Wolfenstein: The New Order é narrativamente brilhante, e seu brilho certamente reluz do fogo crepitando que deixaremos por onde passarmos. Com um enredo brutal, cheio de cenas chocantes, nudez e violência explícita, o game impressiona ao trazer um roteiro aparentemente raso, mas que se completa e nos fascina ao introduzir personagens incrivelmente carismáticas e uma história envolvente, com camadas bem mais profundas do que o vermelho em nossas mãos. 

Blazkowicz, nosso protagonista e figura carimbada da saga, é mais do que uma máquina de guerra. Com uma personalidade melancólica e ao mesmo tempo esperançosa, seus longos monólogos facilmente quebrarão qualquer noção de superficialidade que se possa- criar com o tema principal: matar nazistas. E acredite, faremos muito isso, das mais diversas formas. 

O jogo revela-se inovador ao expor temas tão subjetivos, perfeitamente encaixados em um cenário original e frenético: romance, guerra, humanidade e vingança. Mesmo com personagens secundárias detentoras de um potencial que, talvez, pudesse ter sido melhor aproveitado, cada uma é especial à sua maneira. E todas elas farão de New Order uma experiência muito mais emocionante do que apenas atirar sem parar. 

Apesar da existência um mecanismo de escolhas logo no início do jogo, decidir entre Wyatt ou Fergus realmente não fará tanta diferença quanto você pensa. De fato, determinadas mecânicas de gameplay irão mudar, bem como algumas personagens, cutscenes e mesmo trechos inteiros na jogabilidade que podem ser alterados. Mas tudo é feito de maneira bem sutil. Se você espera que a escolha no prólogo do game o equipe com finais alternativos e grandes mudanças, receio que esteja redondamente errado. 

Lamarck e granadas: Veja, mãe, com as duas mãos! 

Exclusivamente single player, Wolfenstein: The New Order conta com uma duração moderada, que pode se estender caso busquemos todos os itens colecionáveis e desafios. Com mecânicas simples, o título se propõe a se comportar como a velha guarda, trazendo sistemas conhecidos pelas gerações mais antigas, como uma barra de vida e outra de armadura, que podem ser reabastecidas instantaneamente ao coletarmos itens pelo mapa até exceder seu número máximo, gerando um bônus temporário.

Com um número limitado de armas, podemos nos equipar com certa variedade de instrumentos bélicos, que se alternam entre facas, escopetas, rifles, lasers, metralhadoras e mais. Podemos carregar, inclusive, duas armas de qualquer tipo em cada mão. (Ex: Escopetas duplas, pistolas duplas, etc…). Também possuímos granadas de dois tipos diferentes. Há relativa destruição de cenário e mutilação em excesso. 

Os inimigos variam entre diferentes tipos de soldados, cães e ameaças mecânicas, como drones e robôs. Com uma inteligência artificial (I.A) fraca, não espere muita estratégia em combate. Isso, porém, não significa que o jogo não possua seus desafios, pois eles existem aos montes. O game conta com diferentes níveis de dificuldade, além de modos especiais, como o Hardcore, que podem ser destravados ao coletar determinados itens e solucionar enigmas. 

A trilha sonora é excepcional, geralmente composta por Heavy Metal; os gráficos são belos, porém não impressionam. Seguindo um caminho linear, podemos jogar adotando diferentes estilos. Seja passando silenciosamente ou fuzilando todos à nossa volta, ainda é possível evitar combate em determinados trechos se você for furtivo o suficiente. Já o sistema de progressão funciona através da repetição. Por exemplo: se matarmos x inimigos com granadas, iremos desbloquear uma nova habilidade com esse projétil, e assim por diante. Executando ações específicas, portanto, novas skills serão desbloqueadas. 

Missões secundárias podem ser adquiridas em nosso HQ ao interagirmos com certos NPCs. Elas se resumem a tarefas rápidas, como coletar um item ou realizar uma ação breve. Dependendo do quanto explorarmos nosso quartel-general, também poderemos ativar cutscenes e diálogos opcionais, e até mesmo jogar um mini-game. De maneira geral, temos um jogo simples, sem muitos recursos e grandes mecânicas, com objetivos diretos e interações limitadas. 

Alguns títulos não necessitam de uma infinidade de coisas para entreter seus jogadores, e New Order se enquadra bem nessa descrição. Afinal, no universo desta sombria década de 60, a alegria esconde-se nas pequenas coisas… como granadas.

Veredito: frio, metálico e altamente funcional 

Wolfenstein: The New Order possui título com um enredo que superou minhas expectativas, com uma história emocionante, incrivelmente sangrenta e recheada de ação. Com personagens bem construídas e diálogos de ponta, é difícil não se entreter com a proposta da nova fase da saga. Dotado de mecânicas fluidas, elementos técnicos razoáveis e uma jogabilidade que permite bastante variedade, você terá a revolução literalmente em suas mãos. 

Mas em tudo que reluz sempre há algumas manchas: o game possui um sistema de escolhas que não faz muita diferença em nossa experiência, além de fornecer mudanças bem superficiais no caminho que trilhamos. Diversas personagens possuem muito potencial, mas não recebem a chance de se desenvolver narrativamente, e bugs ocasionais sempre tendem a acontecer, mas sem comprometer nossa jornada.

Sem um alto número de recursos, ficamos com um jogo que se limita a ser apenas divertido e desafiador, não se importando em parecer complexo. E seu propósito é servido com perfeição. 

Poucas coisas na vida são mais relaxantes do que atirar em uma nazista. Então se você tem estômago forte e sede de sangue, afie sua lâmina. Você vai precisar.

Análise feita com cópia digital cedida pela Bethesda Softworks.

Revisão: Davi Sousa

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